O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte conserva em seu acervo um retrato de Luiz Carlos Lins Wanderley (1831-1890), pintura a óleo, de autoria do pintor Moura Rabello, datado de 1931, artista que também foi objeto de artigo nesta série, e que será publicado mais na frente.
Luiz Carlos Lins Wanderley é o primeiro norte-riograndense formado em medicina (1857). E não é só: é o primeiro romancista de Natal. Escreveu peças de teatro, inúmeras e celebradas, escreveu artigos em jornais daqui e alhures, foi deputado provincial, professor e governou a província. Era vice e teve que assumir, isso em 1886.
Sobre ele, disse Cascudo: “bom médico, amigo dos pobres, inteligente, lido, falando bem, anulou-o o ambiente doce da cidade pequenina. Sua reação cultural, alta e sólida na esplêndida bibliografia que produziu”.
Filho de Manoel Lins Wanderley, genro do afamado político e jornalista João Carlos Wanderley, pai do ilustre poeta Segundo Wanderley, também médico, Luiz Carlos Lins Wanderley nasceu na Vila Nova de Princesa, hoje Assu, em 1831, e faleceu em Natal, em 1890. Foi professor no Atheneu, médico do Hospital de Caridade, inspetor de Saúde Pública e diretor da Instrução Pública em 1866. Tudo isso em Natal.
Pertenceu ao Partido Liberal e, depois, ao Conservador. É que virou a casaca seguindo o seu sogro. Recebeu comendas imperiais pelos relevantes serviços públicos, ainda estudante de medicina: Cavaleiro da Ordem da Rosa e Comendador da Ordem do Cruzeiro. Imagina-se ele em cima de um cavalo batendo o interior da Província para combater as epidemias do seu tempo, incluindo a terrível cholera morbus.
É Cascudo quem anota que Wanderley publicou mais de dez volumes, todos esgotados, raros, de quase impossível leitura. E diz mais: “suas peças de teatro foram representadas, gabadas, aplaudidas. Seus versos declamados nos palcos e festas familiares”.
Entre outros trabalhos estão Visita episcopal do Exm. e Revm. Sr. D. José Pereira da Silva Barros a algumas paróquias do Rio Grande do Norte, de 1882; Eu e a Assembleia provincial do Rio Grande do Norte, de 1882; e Os anjos do amor: drama em cinco atos, de 1885.
----
Este artigo é parte de uma série de textos voltados à divulgação do acervo do IHGRN e da história do Rio Grande do Norte, veiculada aos domingos no espaço cativo do Instituto na coluna Quadrantes do jornal Tribuna do Norte.
Artigo: Gustavo Sobral e André Felipe Pignataro
Imagem: Maria Simões