Amaro Cavalcanti nasceu em 15 de agosto de 1849, no sítio Logradouro, no distrito de Jardim de Piranhas, então pertencente ao atual município de Caicó. Filho do professor Amaro Soares Cavalcanti de Brito e Ana de Barros Cavalcanti, tendo 12 irmãos, dentre os quais se destaca o padre João Maria Cavalcanti de Brito, de quem já falamos nesta série.
Aprendeu as primeiras letras e latim com seu pai. Entre 1861 e 1871 se dedicou aos estudos (era autodidata) e a ensinar latim como fonte de renda. Em 1872, por meio de concurso, se torna professor de latim em Baturité, no Ceará.
Em pouco tempo, foi transferido para a capital cearense, onde tornou-se também inspetor geral da Instrução Pública. Posteriormente, foi comissionado pelo governador a estudar o sistema e a organização do ensino público estadunidense.
Enquanto realizava seu trabalho, se matriculou na Albany Law School, em Nova Iorque, graduando-se em direito (1881). Ao retornar ao Brasil, validou seu diploma na Faculdade de Direito do Recife, e, então, passou a advogar no Ceará, enquanto era o diretor do Liceu estadual, além de escrever seus livros nas horas vagas.
Em 1883, foi para o congresso de Instrução no Rio de Janeiro, tendo realizado concurso para a cadeira de latim no Colégio Pedro II, onde foi nomeado, e passou a residir lá no mesmo ano. Ao mesmo tempo que ministrava aulas, trabalhava, também, como advogado e jornalista.
Em 1889, foi eleito vice-governador do Rio Grande do Norte, tornando-se posteriormente senador pelo Estado, para a Assembleia Constituinte (1890-1891), representando o Rio Grande do Norte na Constituição provisória de 1891. Foi senador por mais uma legislatura.
Posteriormente, em 1894, foi indicado para ministro plenipotenciário junto ao governo do Paraguai e ministro de Justiça (1897-1898), tornando-se o primeiro potiguar a ser ministro no governo republicano.
Também foi consultor jurídico do Ministério do Exterior, delegado do Brasil nas Conferências Pan-Americanas do Rio (1906) e Washington (1915), ministro do Supremo Tribunal Federal (1906-1914), cargo pelo qual se aposentou, prefeito do Distrito Federal (1917-1918), membro da Corte Permanente de Arbitragem de Haia (1917) e ministro da Fazenda (1918-1919).
Foi sócio efetivo de várias instituições científicas e literárias nacionais e internacionais, além de sócio benemérito do IHGB e sócio honorário do IHGRN. Publicou diversos livros sobre direito, política, educação e religião. Era poliglota: falava francês, inglês, espanhol e italiano, traduzia o alemão, conhecia o russo e lia o grego. Faleceu em sua casa, no bairro carioca de Botafogo, em 28 de janeiro de 1922.
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Este artigo é parte de uma série de textos voltados à divulgação do acervo do IHGRN e da história do Rio Grande do Norte, veiculada aos domingos no espaço cativo do Instituto na coluna Quadrantes do jornal Tribuna do Norte.
Artigo: Pedro Simões
Imagem: Maria Simões