segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Angicos, o primeiro título de Aluízio Alves

 
    Nascido em Angicos, município situado na região central do Rio Grande do Norte e que tem o seu nome originado do angico vermelho, árvore de médio a grande porte (mede cerca de 12m de altura, mas pode chegar a 20m), Aluízio Alves foi um vencedor e homem de muitos títulos, como jornalista, como escritor, como empresário e como político.
    Angicos legou ao Estado uma outra liderança de estatura, o capitão José da Penha Alves, homem que lutou, em meados da segunda década do século passado, contra a oligarquia Albuquerque Maranhão. Aluízio, por sinal, escreveu um belo trabalho sobre José da Penha. E um outro, o seu primeiro, sobre a terra na qual nasceu, que ganhou título seco e direto – “Angicos”, com primeira edição dos “Irmãos Pongetti Editores” e dedicado aos pais, irmãos e aos seus mestres e amigos Câmara Cascudo, José Augusto e Eloy de Souza, responsável, por meio de carta, pela apresentação da obra.
    Escrito por um jovem recém-saído da adolescência, que desprezava a programação de sua geração (bailes, festas e boemia) para se enfurnar nos arquivos da prefeitura, da igreja e do cartório, “Angicos”, com mais de 350 páginas, nasceu como um importante trabalho.
    Escrito entre os anos de 1938 e 1939, quando Aluízio tinha 17-18 anos, e publicado em 1940, “Angicos” fez parte da “Biblioteca de História Norte-Riograndense”, projeto do ex-governador José Augusto e do jovem angicano – e ao qual também estiveram associados Antônio Soares Filho e Vingt-un Rosado –, para publicar livros sobre os municípios do estado, biografias e memórias de lideranças políticas importantes e livros de poesias, inéditos ou esgotados, entre outros.
    Com vinte e três capítulos distribuídos em quatro seções 1 – História (na qual discorre sobre o processo de povoamento do Grande do Norte e mais detidamente da região central, onde está Angicos), 2 – Formação Política (criação da vila, a rivalidade com Santana do Matos, as diversas administrações, os movimentos abolicionista e republicano, a revolução de 1930, a intentona comunista), 3 – Divisão Administrativa (apresenta os distritos que compunham o município) e 4 – Formação Literária (descreve a educação, imprensa e vultos literários), o livro foi rapidamente esgotado, só sendo reeditado mais de meio século depois pela “Fundação José Augusto”, em 1997, como segundo volume da coleção “Biblioteca Potiguar”.

Artigo: Sérgio Trindade
Imagem: Maria Simões