Para José Francisco da Rocha Pombo, todas as unidades da federação brasileira são importantes, e, por essa razão, merecem o registro da sua própria história. Humilde, reconhecia que “muitos erros e senões se hão de encontrar” no livro; vaidoso, declarava que ficava com a honra de haver construído o embasamento do edifício, e aqueles que viessem depois, com a glória de toda a arquitetação.
Aos olhos de Joaquim Ferreira Chaves, governador do Rio Grande do Norte (1914-1920), Rocha Pombo, paranaense radicado no Rio de Janeiro, que tinha escrito a História do Brasil, em 10 volumes, entre 1905 e 1917, e era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, possuía as credenciais necessárias para escrever a nossa história.
A encomenda foi feita por causa da proximidade do centenário da Independência do Brasil. O prefácio foi escrito em março de 1921. E em 15.04.1922, o livro foi impresso no Rio de Janeiro, na tipografia do Annuario do Brasil (Almanak Laemmert).
Pelas notas de rodapé do livro, vê-se que Rocha Pombo, além de utilizar como principal referência a História do Brasil, do Frei Vicente do Salvador, entre outras obras clássicas brasileiras, consultou Vicente de Lemos, Nestor Lima e, especialmente, Tavares de Lyra, todos membros do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
À essa altura, Augusto Tavares de Lyra havia iniciado – e já estava avançado – no seu projeto da História do Rio Grande do Norte. Mas, pelo fato de Tavares de Lyra e o então governador, Ferreira Chaves, terem rompido a aliança política, este encomendou a obra ao consagrado professor Rocha Pombo.
Sem saber da situação política por estas bandas, Rocha Pombo consultou Tavares de Lyra, que, gentilmente, informou tudo o quanto lhe foi perguntado.
Entretanto, para desilusão de Rocha Pombo, que julgava-se o primeiro a escrever a história dos potiguares, Tavares de Lyra publicou sua História do Rio Grande do Norte, ainda em 1921, tornando-se o pioneiro na temática, deixando para trás Ferreira Chaves e Rocha Pombo.
Artigo: André Felipe Pignataro
Imagem: Maria Simões