quarta-feira, 14 de setembro de 2022

“Espelho da história cruzetense”, Renilda Medeiros

 
    A partir do artigo publicado no “Dossiê Temático Municípios do Rio Grande do Norte”, presente na Revista IHGRN 98, publicamos hoje um trecho sobre o município de Cruzeta. A imagem é uma arte da bandeira do município, extraído do livro "Bandeiras e Brasões de Armas dos Municípios do Rio Grande do Norte", da professora Anadite Fernandes da Silva. Boa leitura!

“Espelho da história cruzetense”, Renilda Medeiros

    Os primeiros habitantes das terras onde hoje está localizada a cidade de Cruzeta foram os índios Cariris e Caiacós. Expulsos pelos colonizadores do vizinho estado da Paraíba, eles partiram rumo ao Seridó, no Rio Grande do Norte, onde se fixaram. A caçada aos índios continuou e nas últimas décadas do século XVII, na chamada Guerra dos Bárbaros, os Cariris, Janduís, Tapuias e Caiacós acabam exterminados para abrir perspectivas à colonização da região.
    Foi nesse período que essas terras começaram a tomar povoação. Mas, para que esse processo fosse efetivado, concessões de sesmarias foram outorgadas a quem apresentasse petição em ordem. Partindo desse princípio, funcionários do reino, recém-chegados de Portugal, recebem as doações com a incumbência de ocupar as terras.
    Conforme registros, foi o português Antônio Paes de Bulhões, casado com Ana Araújo Pereira, o primeiro proprietário dessas terras. Vindo da Paraíba, ele chegou às terras que hoje é a cidade de Cruzeta por volta do século XVIII, construindo sua fazenda à margem do rio São José, no lugar onde um beneficiado seu (ex-escravo) denomino “Remédios” num dia de aflição em tempo de seca, ainda no século XVIII.
    Sobre o papel que esse beneficiado aqui exerceu, é salutar esmiuçar: Antônio Paes de Bulhões viajou do Acari com redobrado sacrifício até Camaratuba, no litoral, para comprar farinha – alimento básico -, mas não encontrou quem lhe vendesse.

Artigo: Renilda Medeiros
Imagem: Anadite Fernandes
Fotografia: Maria Simões