segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Revista da ANRL, 70 anos, 70 edições

 
    A Revista da Academia Norte-rio-grandense de Letras chegou a sua septuagésima edição, referente ao primeiro trimestre de 2022, fato inédito em se tratando de um periódico literário-cultural no Estado. Distribuída para toda a comunidade, de forma gratuita, num momento muito oportuno, a publicação comemorou, em agosto do ano passado 70 anos de história, dentro dos 85 anos da Instituição, fundada por Câmara Cascudo e um grupo de intelectuais em 14 de novembro de 1936.
    Junte-se a esse fato que merece registro, outro dado importante, o periódico está numa fase de nove anos de atividades ininterruptas, inclusive enfrentando esses anos de pandemia (Covid-19), sem parar.
    Vale salientar que essa nova fase começou em julho de 2013, quando a convite do Presidente da ANRL, Diógenes da Cunha Lima e do Diretor da Revista, Manoel Onofre Junior, viemos colaborar como editor, dando início à publicação trimestral do periódico, que passou a circular regularmente de janeiro de 2014 até os dias atuais.
    A primeira edição da Revista da ANRL foi publicada em agosto de 1951, e teve como primeiro diretor o escritor Nestor Lima. Com o passar dos anos outros diretores foram assumindo - Luís da Câmara Cascudo, Aderbal de França, João Wilson Mendes Melo - todavia o periódico sempre com tiragens irregulares, devido às dificuldades que todos nós conhecemos em publicar na província. Às vezes, passavam-se anos sem sair uma edição sequer, e como bem falamos, a partir da edição janeiro/março de 2014, a revista renasceu, inclusive do ponto de vista estético, com tiragens regulares, trimestralmente, superando qualquer outro periódico cultural do Estado ao longo dos anos. Note-se que, no momento, não existem, pelo menos de forma oficial, outros periódicos culturais em circulação no Rio Grande do Norte; isso só reforça a importância da Revista da ANRL para a nossa cultura literária, sobretudo numa época muito fértil das nossas letras, com vários escritores publicando nos quatro cantos do Estado, com o surgimento de vários polos culturais, além de haver um forte crescimento na área de estudos e pesquisas sobre a literatura potiguar no âmbito das universidades, vide a quantidade de dissertações e teses sobres autores norte-rio-grandenses surgidas nos últimos anos na UFRN e na UERN.
    Comemorando sua fase mais prolífica e regular, a revista, em atenção a uma ideia surgida através de conversas com o jornalista e escritor Edson Soares, resolveu publicar em suas capas, quadros dos principais artistas plásticos do Estado. A estreia se deu com a edição de número 55, abril/junho, de 2018, com uma tela de Dorian Gray Caldas.
    Outro dado importante, uma das principais características da nova etapa, a abertura para a comunidade literária, abrindo e ao mesmo tempo unindo a Academia com a intelectualidade potiguar, abertura esta praticamente inédita, e também cedendo espaços para publicação de trabalhos de pesquisadores, estudantes e professores, da UFRN, UERN, IFRN, UNP, fazendo inclusive com que a revista conseguisse obter o seu primeiro Qualis (sistema brasileiro de avaliação de periódicos),o primeiro do estado para um periódico desse segmento.
    Vale ressaltar que, com a chegada da pandemia de Covid-19 no início de 2020, a revista não parou em nenhum momento, continuou firme em sua jornada, com a missão de levar um conteúdo diversificado aos seus leitores e também com a preocupação de montar uma espécie de painel cultural, inclusive mostrando os novos valores que têm surgido nestes últimos tempos em nossa literatura.

Artigo: Thiago Gonzaga
Imagem: Maria Simões