Há quarenta e oito anos existem nas estantes de algumas bibliotecas os exemplares da obra “Ceará-Mirim: exemplo nacional (1938 - 1972)”, em dois volumes, da autoria de Júlio Gomes de Senna, natural daquela cidade.
Não é romance, nem é poesia, é uma obra densa e indispensável a todos aqueles que desejam conhecer parte da geografia e sociologia de Ceará-Mirim. Obra póstuma, lançada pela viúva e filhos, posto que o autor veio a falecer em 10 de junho de 1972.
O prefaciador da obra foi Edgar Barbosa, também natural daquele vale, que tão bem falou sobre o trabalho didático deixado por Júlio Gomes de Senna. Quem se debruça sobre “Ceará-Mirim: exemplo nacional”, perceberá que o autor conduz de forma sistemática, o ledor pelos campos da geografia, geologia, meteorologia, economia, botânica etc. As páginas escritas por Júlio Senna formam um documento literário, que bem definiu o prefaciador, quando asseverou: “o livro é um breviário cívico”.
Fruto de uma longa pesquisa que teve seu início em 1938, e se estendeu até 1972, Júlio Gomes de Senna escreveu com propriedade. Era engenheiro-agrônomo, turma de 1935, da Escola Agrícola da Bahia.
Ler “Ceará-Mirim: exemplo nacional” é, sem sombra de dúvida, correr os olhos sobre uma obra que é, ainda hoje, a melhor que existe sobre o tema proposto. Fico, às vezes, indagando o quanto Júlio Gomes de Senna suou para realizar a pesquisa.
Não exagerou Edgar Barbosa quando escreveu: “Guardadas as proporções com o espírito e a cultura vigentes na época, “Ceará-Mirim: exemplo nacional”, se aproxima do livro com o qual, em 1902, Euclides da Cunha atraiu a inteligência brasileira para a compreensão do meio físico e o estudo das profundezas da nossa índole”.
Tudo que pensarmos sobre Ceará-Mirim, no espaço do tempo entre 1938 a 1972, iremos encontrar nessa obra. Se fôssemos um país sério, dado à leitura, há muito essa obra estaria sendo adaptada para um público infanto-juvenil e sendo instrumento de formação nas escolas de Ceará-Mirim.
Nada devo mais escrever, exceto convidar o leitor a também conhecer a obra fruto dessa resenha.
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Este artigo é parte de uma série de textos voltados à divulgação do acervo do IHGRN e da história do Rio Grande do Norte, veiculada aos domingos no espaço cativo do Instituto na coluna Quadrantes do jornal Tribuna do Norte.
Artigo: Francisco Martins
Imagem: Maria Simões