A história do Rio Grande do Norte já foi contada e recontada por vários autores, ao longo do tempo. Nomes como Ferreira Nobre, Rocha Pombo, Tavares de Lyra e Câmara Cascudo, sempre farão parte da leitura obrigatória para aqueles que querem conhecer um pouco mais sobre nosso pequeno, mas glorioso, Estado.
A proposta trazida por Tarcísio Medeiros, professor do curso de história da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e sócio do Instituto Histórico e Geográfico do RN, falecido em 2003, na sua “Proto História do Rio Grande do Norte” (1985) é, ao mesmo tempo, inovadora e audaciosa.
Isso porque o leitor não vai encontrar, facilmente, obras que se dediquem a falar da pré-história potiguar, da paleontologia e da formação geológica do Rio Grande do Norte nas Eras Mesozoica e Cenozoica. A propriedade com que o autor aborda a temática, sob um novo olhar, um primeiro olhar, por isso chamada de “proto-história”, é de uma riqueza sem par.
Os próximos capítulos abordam questões geográficas relevantes, na maior parte ignoradas pelos historiadores, como a presença humana e a (mega)fauna e (mega)flora local.
Ao falar das etnias dos potiguares e dos cariris, Tarcísio Medeiros vai além, ao abordar a chegada do próprio homem à América do Sul e ao Brasil. Fala de mitos e das viagens pré-cabralianas, até chegar, efetivamente, à dominação e aculturação portuguesa. Os registros de documentos originais, fontes primárias da nossa história, como a carta de doação da Capitania a João de Barros, ajudam na contagem desse importante e tão pouco debatido capítulo.
Enfim, a “Proto História do Rio Grande do Norte” vale a pena ser lida, oportunizando uma visão diferente e mais profunda acerca da nossa existência como parte da humanidade e, claro, como potiguares.
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Este artigo é parte de uma série de textos voltados à divulgação do acervo do IHGRN e da história do Rio Grande do Norte, veiculada aos domingos no espaço cativo do Instituto na coluna Quadrantes do jornal Tribuna do Norte.
Artigo: André Felipe Pignataro
Imagem: Maria Simões