Em sua obra, “Paróquias potiguares: uma história” (Brasília: Senado Federal, 2015, 450p), o Padre Normando Pignataro Delgado (1934-1912) decorre pela história do Rio Grande do Norte paralelamente à criação e expansão da fé católica em solo potiguar. O autor, que nos deixou antes de ver sua obra impressa, além do Sacerdócio, era formado em direito, trabalhou como tabelião e fôra membro do IHGRN.
Na apresentação da obra, Jurandyr Navarro, destaca sua importância e, de maneira impetuosa, enobrece o autor. Notabilizando, sobretudo, o estudo laborioso e sagaz com que a pesquisa foi conduzida, resultando numa obra de caráter fundamental para “fortalecer a Fé dos crentes, remédio salutar contra as doenças do corpo e da alma”.
Além da mensagem do Arcebispo metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, outro sacerdote cauciona a obra, o Padre João Medeiros Filho, assinando o seu prefácio e definindo como “um dos melhores trabalhos na área da história eclesiástica do Rio Grande do Norte”.
De forma fluida a obra está dividida em três partes, onde o autor aborda, de maneira clara, fatos, datas, pessoas e locais que fazem parte da história da Igreja Católica em território potiguar.
Na primeira parte, O colonialismo português, dívida em quinze tópicos, Padre Normando versa sobre os acontecimentos que impulsionaram a humanidade, levando o leitor a perceber, de forma sutil, a importância da fabricação, em larga escala, do papel, a invenção da prensa de Gutenberg e, como consequência, a difusão do conhecimento. A expansão marítima e o regime de padroado, que expandem os reinos e a fé, o descobrimento do Brasil, o Concílio de Trento e as primeiras expedições ao Rio Grande são brevemente discutidas, proporcionando ao leitor se “ambientar” no tempo e na história.
A colonização do Rio Grande, segunda parte do livro, também subdividida em tópicos curtos, tem início com a expedição de Manuel Mascarenhas Homem, conseguindo por fim fincar presença portuguesa (e espanhola) em terras potiguares, construído o forte e fundando a cidade de Natal, no mesmo instante que se implantava, através da Igreja Católica, sua estrutura religiosa. As Missões Jesuítas, a presença holandesa, os massacre em Ferrero Torto, Cunhaú e Uruaçu, a insurreição pernambucana, a formação das primeiras comunidades e, por fim, a criação da diocese de Olinda encerra este capítulo.
Na terceira, e última, parte, Paróquias do Rio Grande do Norte, cerne da obra, o autor apresenta a criação de 98 paróquias em território potiguar, entre os anos de 1601, com a criação da Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, até 2009, em meio às comemorações alusivas ao centenário da Diocese, criada pela Bula “Apostolicam in Singulas”, do papa São Pio X, em 29 de dezembro de 1909, Dom Matias patrício de Macedo, então arcebispo metropolitano, criava a nova Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, tendo como sede a igreja catedral.
Em todos os capítulos, destinados a cada uma das paróquias, o autor não se prende unicamente ao contexto da criação paroquial, fatos relevantes no Brasil e no mundo também são mencionados. Concomitante a criação das paróquias o leitor pode observar a criação da Diocese de Natal e sua elevação a Arquidiocese, a morte do Padre João Maria (o Santo de Natal), entre outros fatos que marcaram nossa história.
Uma obra ímpar, única e singular. Capaz de agradar a todos, seja pelo cunho devocional, pelo saber histórico ou pelo simples prazer da leitura.
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Este artigo é parte de uma série de textos voltados à divulgação do acervo do IHGRN e da história do Rio Grande do Norte, veiculada no jornal Tribuna do Norte.
Artigo: Kamisson Danyel de Azevedo Silva
Imagem: Maria Simões