A princípio impresso em tipografias de outras Províncias, O Natalense (1832-1837), primeiro jornal do Rio Grande do Norte, chegava atrasado aos leitores. Foi, então, que o padre Francisco de Brito Guerra, o fundador, se uniu a Basílio Quaresma Torreão, José Fernandes Carrilho e Urbano Gondim e fundaram uma sociedade para aquisição de uma tipografia e a contratação de um tipógrafo.
Carlos Eduardo Muhlert seria o primeiro tipógrafo a atuar na Província do Rio Grande do Norte. Acredita-se que tenha vindo do Recife, tendo, ele mesmo, vendido a tipografia em que trabalhava, ou que tenha sido contratado no Rio de Janeiro.
Carlos Eduardo Muhlert, Carl Eduard Muhlert, Muller, Müller, Mulhert: seu nome aparece grafado em documentos e jornais de diversas formas. Era natural de Brunswick, Alemanha, e se tornaria, posteriormente, brasileiro naturalizado, pois solicitou a naturalização em 1857, quando residia em Pernambuco. E foi atendido.
Chegou ao Brasil, ainda criança, provavelmente, pelo Rio de Janeiro, não só por haver um registro significativo da entrada de germânicos pelo porto carioca, mas também por não constar nos registros de entrada de outros portos brasileiros.
Carlos Eduardo Muhlert, ao que parece, aprendeu o ofício no Brasil, e passou a exercer a atividade por toda vida, com passagens por Natal, Fortaleza, Recife e Aracaju, entre outras localidades. Consta que o fim da experiência de Carlos Eduardo Muhlert em O Natalense, em 1833, o levou ao Rio de Janeiro, de onde, supostamente havia vindo, provavelmente por apresentar maiores oportunidade de trabalho.
No entanto, não há registros sobre o tipógrafo até 1841, quando aparece na condição de diretor do jornal 23 de Julho, em Fortaleza, Ceará. No ano seguinte, 1842, ainda estava no Ceará, e parece que se meteu em confusão em São Luís do Curu. Depois disso, seguiu para Imperatriz, atual Itapipoca.
Muhlert participou da Sedição de Exu, e do último movimento político que agitou o Império, a Revolução de 1848, conhecida por Praieira, ambas em Pernambuco, como consta no despacho do chefe de polícia Honório Carneiro Leão, datado de 6 de julho de 1849: “Cumpre que o mande pôr em liberdade, visto que, sendo ele compositor e impressor, a sua detenção pode embaraçar a livre publicação pela imprensa de quaisquer escritos”.
Carlos Eduardo Muhlert foi nomeado Cavaleiro da Ordem da Rosa, ordem imperial, em 1875. Casou-se com Maria das Mercês Muhlert e tiveram seis filhos. Faleceu em 22 de julho de 1882, sendo maior de 70 anos. O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte guarda, no seu acervo, exemplares de O Natalense, disponíveis para consulta na hemeroteca digital da Fundação Biblioteca Nacional.
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Este artigo é parte de uma série de textos voltados à divulgação do acervo do IHGRN e da história do Rio Grande do Norte, veiculada aos domingos no espaço cativo do Instituto na coluna Quadrantes do jornal Tribuna do Norte.
Artigo: Gustavo Sobral e André Felipe Pignataro
Imagem: Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional
Pesquisa: André Felipe Pignataro
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