No dia 13 de junho de 1927, na metade da manhã, estando nos arredores de Mossoró preparando-se para invadi-la, Lampião mandou um primeiro ultimato exigindo dinheiro ao prefeito Rodolpho Fernandes, por intermédio de Luiz de Siqueira, o “Formiga”, em bilhete escrito pelo coronel Antônio Gurgel.
Rodolpho Fernandes respondeu a Antônio Gurgel pelo próprio punho, dizendo não ser possível satisfazer-lhe com a remessa da importância pedida e lhe informando que “estamos dispostos a recebê-los (aos cangaceiros) na altura em que eles desejarem”.
Desaparecido há muitos anos, recentemente esse bilhete foi localizado e devolvido a Mossoró, em evento solene.
Houve um segundo ultimato, este escrito pelo próprio Lampião e encaminhado ao prefeito, a ele levado por “Formiga”, provável espião do bando em Mossoró, que também foi respondido por Rodolpho Fernandes praticamente nos mesmos termos do primeiro.
Esse segundo ultimato, provavelmente o mais importante documento da história do cangaço, foi doado ao Instituto Histórico do Rio Grande do Norte (IHGRN) pela família de Rodolpho Fernandes, como assevera seu filho Raul Fernandes em livro (A Marcha de Lampião) – um clássico da literatura acerca do assunto, com sucessivas edições:
“Capitão Virgolino Ferreira (Lampião). Cel. Rodolpho. Estando eu ate aqui (ilegível). Já foi um aviso, ahi para o Senhoris, si por acauzo resolver, mi, a mandar será a importância que aqui nos pede, Eu evito de Entrada ahi porém não vindo esta importança eu entrarei, até ahi penço que adeus querer, eu entro; e vai haver muito estrago por si vir o dr. eu não entro, ahi mas nos resposte logo. Capm Lampião”.
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Este artigo é parte de uma série de textos voltados à divulgação do acervo do IHGRN e da história do Rio Grande do Norte, veiculada aos domingos no espaço cativo do Instituto na coluna Quadrantes do jornal @tribunadonorte.
Artigo: Honório de Medeiros
Imagem: Maria Simões