Weverton Vieira cursa o 8º período de Biblioteconomia na UFRN. Atua no Instituto desde 2018 como colaborador voluntário, atuando no processo de organização do acervo. A entrevista foi concedida a Gustavo Sobral e Marcela Bulhões.
IHGRN: Em que consiste o trabalho de um bibliotecário em um acervo híbrido como o do IHGRN?
Composto por um acervo entre biblioteca, arquivo e museu, o bibliotecário, independente da sua especialização, pode gerir, orientar e comandar o trabalho no acervo, pois, na sua formação são contemplados os três modelos de acervo. Em se tratando do binômio acervo digital e acervo físico, é fundamental o trabalho do bibliotecário em conjunto com os profissionais de Tecnologia da Informação para uma melhor gestão da formação dos acervos digitais.
IHGRN: Qual a importância e o papel do bibliotecário na organização, guarda e manutenção do acervo?
A salvaguarda dos materiais organizados no acervo deve ser seguir alguns protocolos e recomendações para prolongar a vida útil dos itens raros. Basicamente o trabalho consiste em operar algumas funções básicas como coletar, preservar, organizar e dar acesso público ao patrimônio cultural, seja para fins educacionais e de pesquisa, seja para enriquecimento cultural ou entretenimento. Uma das formas de preservar a memória das instituições é formar coleções. Sobretudo em acervos híbridos como do IHGRN, é fundamental para a sua formação a constituição de políticas planejadas voltadas para preservar os materiais para a posteridade. O bibliotecário também atua na mediação da informação, aproximando usuários (visitantes e pesquisadores) às coleções e ao lugar.
IHGRN: Em que consiste o processo de preservação?
A preservação deve ser tratada e estudada de forma técnica. É diante dos estudos técnicos que os especialistas nas diversas áreas, física, química e biologia, dentre outras, atuam para a preservação das coleções atuando de forma preventiva, curativa e promovendo o restauro quando necessário. Os meios para se preservar um acervo compreendem, portanto, desde a maneira da limpeza e de prateleiras, a forma de como armazenar os diferentes tipos de materiais, livros, fotografias, mapas, entre outros, passa por pequenos reparos em livros, e chega até a preocupação e à prevenção aos efeitos que o ambiente pode causar ao material a longo prazo. Importante também é preciso frisar é a preservação do conteúdo no meio digital como forma de salvaguarda do acervo.
IHGRN: Na sua opinião qual a importância do IHGRN e do seu acervo para o Rio Grande do Norte?
A importância que o IHGRN tem para construção e manutenção da memória e história potiguar é sem tamanho. Pensado nos moldes do IHGB que preserva a memória nacional, o IHGRN se volta para construção da memória e identidade local dentro da unidade nacional. Os institutos são instituições históricas que permanecem como mantenedores dessa memória histórica ao possibilitarem a partir dos seus acervos, ou seja pelos documentos, jornais, pelos itens que compõem o museu, etc, contar a história local, seja do Rio Grande do Norte ou de qualquer de um dos seus municípios.
IHGRN: Quais atividades você desenvolve atualmente na instituição?
Atualmente, exerço atividades de catalogação dos materiais físicos no sistema SIABI e a busca de materiais em formato online para a criação de um banco de dados. Tendo em vista que uma das dificuldades encontradas nas bibliotecas é espaço físico para armazenar as obras, esta busca facilita a política de doação de obras que se encontram em duplicata.
IHGRN: O que representa participar do processo de organização do acervo do IHGRN?
Seja no âmbito profissional, por contribuir para a construção de um profissional mais capacitado e mais experiente; seja pela perspectiva pessoal, pois, como ex-estudante de história que sou, curso no qual não encontrei, e para o futuro bibliotecário que pretendo me tornar, ainda muito identificado com a história, me encontrei na área da ciência da informação, ter a possibilidade de trabalhar e participar da organização do acervo do IHGRN é uma experiência altamente gratificante, sobretudo, porque atualmente a instituição passa por um grande processo de organização para preservar a resguardar a memória de um povo, o povo norte-rio-grandense.
O Instituto - 120 anos
Fundado em 1902, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande completará 120 anos em 2022. É a mais antiga instituição cultural potiguar. Abriga a biblioteca, o arquivo e o museu mais longevos em atividade do Estado. Promove exposições, palestras e atividades voltadas à manutenção e divulgação da cultura, história e geografia norte-rio-grandense e publica a sua revista desde 1903, a mais antiga em circulação no Rio Grande do Norte.
A série institucional é alusiva às comemorações dos 120 anos do IHGRN, celebrados em 2022. A instituição, sua fundação e acervo, entre imagens, vídeos, entrevistas e outras produções especiais serão exibidas. Convidamos todos a conhecer o universo do Instituto, a Casa da Memória.
Foto: Maria Simões