Augusto Tavares de Lyra nasceu na povoação da Macaíba, na noite de Natal de 1872, filho do coronel Feliciano Pereira de Lyra Tavares, comerciante e político, e de Maria Rosalina de Albuquerque Vasconcelos. Casou-se em Natal, no dia 21 de janeiro de 1902, com Sophia Eugênia de Albuquerque Maranhão, filha do senador Pedro Velho e de Petronila Pedroza.
Tavares de Lyra fez seus estudos em Macaíba, Natal e terminou-os em Recife, onde bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais, em dezembro de 1892. Após sua formatura, abriu escritório em Natal, na Rua 13 de Maio (hoje, Rua Princesa Isabel) e foi redator do jornal A República, onde assinava a coluna ”Em vários tons”, onde defendia a reforma educacional e a formação do professor.
Iniciou sua vida pública como deputado estadual, aos 22 anos, não tomando posse pelo fato de ter sido eleito, também, deputado federal pelo RN, de 1894 a 1904, destacando-se como líder da sua bancada.
Eleito governador do seu Estado, em 1904, aos 32 anos, criou o Banco do Natal, posteriormente denominado BANDERN, e construiu a primeira sede própria para a Assembleia Legislativa do Estado e o prédio da sede própria do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
Renunciou ao governo do Estado em 1906, por insistência de Pedro Velho, para assumir a pasta do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, na presidência de Afonso Pena, permanecendo nesse ministério até 1909.
De 1910 a 1914, foi senador pelo Rio Grande do Norte, sendo líder do governo Hermes da Fonseca. A 15 de novembro de 1914, assumiu o Ministério da Viação e Obras Públicas, e seria o titular da pasta até o fim do mandato de Wenceslau Brás. Foi, ainda nesse período, ministro interino da Fazenda em duas ocasiões.
Foi nomeado ministro, depois presidente do Tribunal de Contas da União, tomando posse a 30 de novembro de 1918. Foi relator da primeira prestação de contas de um presidente da República. Através desse ministério, aposentou-se em 1940.
Como intelectual produziu incansavelmente. Sua bibliografia alcança cerca de 70 volumes, hoje, muitas raridades, destacando-se a primeira História do Rio Grande do Norte, de 1921, que no ano passado completou o centenário de seu lançamento.
Em 1952, teve seu nome inscrito no livro do Mérito Nacional pelos relevantes serviços prestados à nação brasileira. Na ocasião do recebimento do diploma, no Palácio do Catete, o presidente Getúlio Vargas afirmou: “o ministro Tavares de Lyra é uma relíquia da Pátria!”.
Por fim, no dia 22 de dezembro de 1958, no Rio de Janeiro, instalado em um apartamento alugado e repousando em uma cama obtida por empréstimo, o macaibense Augusto Tavares de Lyra fechava os olhos ao tempo e os abria para a eternidade, deixando o legado imperecível de um nome limpo e honrado, uma vida que no dizer do escritor Luís da Câmara Cascudo foi “uma linha reta, limpa e clara”.
No museu do Instituto, está um retrato do ministro Tavares de Lyra.
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Este artigo é parte de uma série de textos voltados à divulgação do acervo do IHGRN e da história do Rio Grande do Norte, veiculada aos domingos no espaço cativo do Instituto na coluna Quadrantes do jornal Tribuna do Norte.
Artigo: Anderson Tavares de Lyra
Imagem: Maria Simões