A partir do artigo publicado no “Dossiê Temático Municípios do Rio Grande do Norte”, presente na Revista IHGRN 97, publicamos hoje um trecho sobre o município de Tomé. A imagem é uma arte da bandeira do município, extraído do livro "Bandeiras e Brasões de Armas dos Municípios do Rio Grande do Norte", da professora Anadite Fernandes da Silva. Boa leitura!
“São Tomé, quem te viu, quem te vê”, Haroldo Pinheiro Borges
Os potiguares ainda corriam nus pela caatinga quando Francisco Diniz da Penha requereu em janeiro de 1736 a posse da Sesmaria do Pica-Pau, nas cabeceiras do Rio Potengi. A exuberância daquelas várzeas atraiu Francisco de Araújo Correia e José da Costa Vilarinho, entre outros pioneiros notáveis na doma do sertão.
Os herdeiros de Francisco de Araújo Correia desbravaram a Fazenda Barra, e a colonização se enraizou junto à bodega de Tomás de Moura Barbosa. No final do século XVIII, aí por volta de 1790, já havia mais gado do que índios e onças. A caçada foi feroz. Mãos calejadas amansaram a terra bruta para criar gado.
Nem São Tomé, o apóstolo que duvidou da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, contestaria a valentia dos vaqueiros ou a coragem dos cavalos que se estreparam nos espinhos dessa saga cantada por Fabião das Queimadas, o ex-escravo trovador.
Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha nasceu em 1848, portanto era moleque quando a Guerra de Secessão nos Estados Unidos (1861 a 1865 e detonada por causa da escravatura) destruiu o monopólio americano do algodão.
Curiosamente, o último tiro entre confederados e ianques aconteceu em 13 de maio de 1865, na batalha de Palmito Ranch, 23 anos exatos antes da princesa Isabel sancionar a Lei Áurea, abolindo a escravidão no Brasil. Coincidência?
Artigo: Haroldo Pinheiro Borges
Imagem: Anadite Fernandes
Fotografia: Maria Simões