O museu do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte apresenta aos seus visitantes um retrato da poeta Auta Henriqueta de Souza (1876-1901), que escrevia, lia e recitava, inclusive em francês, e morreu jovem. O retrato é uma doação de Clara Maria Soares de Araújo, no ano de 1966. Sobre Clarinha Soares, inclusive, já falamos neste espaço.
A importância de Auta para a poesia do Rio Grande do Norte e do Brasil permanece. Consagrada em antologias e mencionada na história da literatura como nome notável. Câmara Cascudo dedicou-se ao trabalho de biografar-lá, publicando um ensaio biográfico com o título de “Vida breve de Auta de Souza”.
Auta chamou-se Auta, porque nasceu no dia de Santa Auta, 12 de setembro. Em um caderno, a jovem poeta reuniu o que seria um primeiro livro, com tudo o que escreveu entre 1893 e 1897. Ao acrescentar o que mais veio até 1889, virou livro, publicado no ano de sua morte, com ela ainda viva, e com prefácio de Bilac, a pedido de Henrique Castriciano, também poeta, e seu irmão. O primeiro exemplar, mandaram entregar em suas mãos, para sua alegria. E o portador foi a cavalo.
É preciso também registrar que seus irmãos, tanto Henrique, quanto Eloy, se destacaram na cena intelectual local como jornalistas e escritores, também notáveis, com trabalhos autorais e participação na cena intelectual. Ambos integraram os quadros do nosso Instituto Histórico.
Auta estudou no Colégio São Vicente de Paula, em Recife, dirigido pela irmã Savignol. Melhor aluna, aprendeu francês. Perdeu tudo na vida muito menina: o pai, a mãe, o avô, e o irmão pequeno, que morreu queimado num acidente com lampião. Uma tragédia. Auta foi educada, criada e amada pela avó. Escreveu para as revistas da capital e as locais. Então saiu coisa sua no Oásis, em A Tribuna, na Revista do Rio Grande do Norte, e, também, no jornal de Pedro Velho, A República.
Ficou tuberculosa aos 14 anos. Mas nem por isso deixou de escrever, recitar, dançar e viver. Era vista em Macaíba no afamado Clube do Biscoito, em reuniões dançantes que iam até o galo cantar, com bolo, vinho do Porto, cerveja esfriada na areia molhada, piano e recital. Auta de Souza morreu na madrugada de 7 de fevereiro de 1901, e não tinha 25 anos completos.
Artigo: Gustavo Sobral e André Felipe Pignataro
Imagem: Maria Simões