quarta-feira, 1 de junho de 2022

“São Gonçalo do Amarante – um presente do rio Potengi”, Manoel Marques Filho

 
    A partir do artigo publicado no “Dossiê Temático Municípios do Rio Grande do Norte”, presente na Revista IHGRN 97, publicamos hoje um trecho sobre o município de São Gonçalo do Amarante. A imagem é uma arte da bandeira do município, extraído do livro "Bandeiras e Brasões de Armas dos Municípios do Rio Grande do Norte", da professora Anadite Fernandes da Silva. Boa leitura!

“São Gonçalo do Amarante – um presente do rio Potengi”, Manoel Marques Filho

    Belo e sereno, o rio Potengi desce pelas entranhas das suas terras formando um vale que cobre 82,65% do seu território. Trata-se do rio que mais está presente na história do Rio Grande do Norte, onde os índios Potiguares desde épocas inimagináveis se aglomeravam nas suas margens salinas. Ali se procriaram em muitas gerações, sustentados pelos frutos do rio e por alimentos cultivados nas suas margens férteis e agradáveis. No corpo do rio, estão os manguezais repletos de crustáceos e moluscos, convivendo com o movimento das marés, a presença de pássaros e outros predadores, como os famintos guaxinins. Quem passa perto das suas margens, contempla o ritual milenar das chama-marés acenando continuadamente ao vento e às marolas suaves do rio.
    Pouco depois da ponte de Igapó, escondida entre os altos galhos do manguezal, existe uma bela e misteriosa ilha, quase que desconhecida: a Ilha do Encantado! A ilha é cheia de mistérios, com fatos relatados por velhos pescadores, que como menino morador de uma das margens do rio, eu escutava temeroso e embevecido, em decorrência da riqueza dos fatos contados com tanta certeza da sua veracidade.
    Falavam em naus antigas que singravam o rio, com o barulho dos marinheiros de elmos dourados e das correntes a tilintar, para ao se aproximarem da Ilha do Encantado desaparecerem envoltas em uma fumaça esbranquiçada.

Artigo: Manoel Marques Filho
Imagem: Anadite Fernandes
Fotografia: Maria Simões