segunda-feira, 11 de julho de 2022

A primeira história do Rio Grande

 
    “Breve notícia sobre a província do Rio Grande do Norte” de Manoel Ferreira Nobre (1824? – 1897) é considerada a primeira tentativa de escrita de uma história local. Publicada em 1877, ganhou uma segunda edição pela Pongetti em 1971, e por obra do Instituto Histórico, com prefácio e notas de Manoel Rodrigues de Melo. Um fac-símile desta segunda edição saiu pelo Sebo Vermelho Edições em 2001.
    A primeira edição foi pela Tipografia Espírito-santense de Vitória, na então província do Espírito Santo. Segundo Câmara Cascudo, em comentário à obra, foi impresso às custas do próprio autor e vendido a dois mil réis. O tempo passou e os exemplares sumiram. Parece que uma das únicas edições do original, certa e sabida, que resta hoje no Estado, é a do Instituto Histórico.
    Cascudo diz: “O volume, vendido pelo alto preço de dois mil réis, foi desaparecendo das estantes e terminou sendo obra rara, tão rara, tão difícil e tão oculta que dela existe apenas um único exemplar, oferecido por Augusto Bezerra Cavalcanti ao Instituto Histórico e Geográfico”.
    Antonio Soares explica que Augusto Bezerra obteve o volume do espólio do falecido tio, o padre João Alípio Cunha. No exemplar, foi encontrada uma carta do autor do livro ao padre. Na carta, Ferreira Nobre informava que havia custeado a impressão e que oferecia aos amigos a aquisição de um exemplar para recuperar o investimento.
    “Breve notícia” passa por todas as cidades e vilas existentes à época, cada uma, um capítulo, na província do Rio Grande do Norte, apresentado, entre outros dados, localização e dimensões do território, agricultura, comércio e indústria, receitas e despesas, edificações, dados populacionais, colégio eleitoral, instrução pública e privada, instituições, imprensa, costumes, cultura intelectual, festividades e curiosidades.
    Ferreira Nobre explica que, para o livro, apenas reuniu tradições e pequenas reminiscências, agradáveis ao espírito de quem se alimenta em pesquisar as coisas do seu torrão. Ao que Manoel Rodrigues, no prefácio, corrobora: simples, modesto, baseado, em parte, na tradição, mas contendo muita informação preciosa.

Artigo: Gustavo Sobral
Imagem: Maria Simões