Um dos poucos registros gerais, na verdade um panorama das artes plásticas no Rio Grande do Norte no século XX, foi a tentativa do múltiplo e reconhecido pintor, tapeceiro, restaurador, poeta e ensaísta, o natalense Dorian Gray Caldas (1930-2017) em “Artes plásticas do Rio Grande do Norte (1920-1989)”, publicado em conjunto pela Edufrn, Funpec e Sesc, em 1989.
Caldas se propõe a apresentar, a partir de um levantamento iconográfico e do registro biográfico e de vida artística de pintores, desenhistas, escultores, tapeceiros e xilógrafos, os artistas do seu tempo e os que vieram antes.
O próprio autor assinala, na nota introdutória, que optou por não definir escolas, estilos ou métodos, mas apenas registrar os artistas e seus trabalhos e o fez reproduzindo algumas obras e acrescido de registros dos catálogos de mostras e exposições deles.
Uma espécie de ensaio introdutório apresenta um pouco do cenário das artes no Rio Grande do Norte. A começar pelo trabalho do pintor, arquiteto e poeta Joaquim Fabrício Gomes de Souza (1855-1900). Chega aos anos 1920, com Erasmo Xavier e Adriel Lopes; aos anos 1930, com Murilo La Greca, Moura Rabello e Hostílio Dantas.
Os anos 1940, com Cícero Vieira; anos 1950 e 1960, com Newton Navarro, Ivon Rodrigues e o próprio Dorian Gray Caldas no I Salão de Arte Moderna; até registrar a plêiade de artistas que se manifestam nos anos 1970, 1980, as vanguardas e movimentos, arte popular, artesanato e quadrinhos.
Os nomes dos artistas estão listados por ordem alfabética do prenome. Tudo começa com Abraham Palatnik e termina com Zaíra Caldas Pereira. Os críticos e comentaristas de artes plásticas, colecionadores e entidades que dispõe de acervos artísticos são nomeados na sequência.
Relevante contribuição para o registro dos artistas e das obras, o trabalho de Caldas prova que há um cenário vivo e uma história das artes plásticas no Rio Grande do Norte a espera de ser contada, artistas a serem estudados, obras a serem conhecidas e um cenário das artes que merece ser valorizado.
----
Este artigo é parte de uma série de textos voltados à divulgação do acervo do IHGRN e da história do Rio Grande do Norte, veiculada no jornal Tribuna do Norte.
Artigo: Gustavo Sobral e André Felipe Pignataro
Imagem: Maria Simões