segunda-feira, 30 de agosto de 2021

O segundo primeiro retrato do Rio Grande do Norte

 
    Os holandeses resolveram tomar o Rio Grande e aqui permaneceram entre 1633 e 1654, no período considerado domínio holandês. Um capítulo desta história é a visita de Mauricio de Nassau. O conde que fez belezas por Recife, ficou decepcionado com o que viu: Natal era uma cidade a meia légua da fortaleza e muito decaída. Escreveu isso em 1638. Foi graças a ele que Frans Post veio a Natal e traçou o primeiro retrato da fortaleza.
    Conta Cascudo que Nassau veio curar-se de umas febres. Passou poucos dias e aproveitou para inspecionar a fortaleza. Recebeu a visita dos superiores das tribos aliadas, que lhe trouxeram presentes, armas e vestimentas de pena. Frans Post esteve no Rio Grande acompanhando Nassau.
    O retrato da Fortaleza dos Reis Magos, por Post, é considerado o primeiro conhecido, sabido e propagado retrato do Rio Grande do Norte. Intitulado “Kusteel Keulen, Rio Grande, 1638”, é uma pintura em óleo sobre tela, 62x95 cm, datado de 1638, e está no Museu do Louvre, em Paris, França.
    Uma réplica, por Neusa Guerra, integra o acervo do Instituto e foi também reproduzida na capa da edição nº 97 da Revista IHGRN. A própria autora doou, em 1942, a tela por ela pintada.  Nela, diferente do original, consta o brasão holandês e há a presença de índios e holandeses no primeiro plano.
    O retrato de Post, no entanto, não é o único. Há um outro, de autoria de um pintor belga, Gillis Peeters. Há suspeitas que Gillis, ou um irmão, também pintor, aqui esteve, como Post, à serviço de Nassau. Informação até hoje não confirmada. Gillis Peeters nasceu e morreu jovem na Antuérpia (1612-1653), era pintor, de uma família de artistas, e sua produção foi tímida. Restam, hoje, poucas obras suas em paradeiros identificados.
    O que se sabe é que representações do Brasil holandês começaram a aparecer com a sua assinatura e a assinatura do irmão, o também pintor, Bonaventura Peeters (1614-1652).  Dentre elas, a que consideramos a segunda primeira imagem do Rio Grande do Norte. Uma obra de autoria de Gillis Peeters, em óleo sobre tela, de 89,5 cm x 130,5 cm, datada entre 1637 a 1650, designada “Soi disant Forte dos Reis Magos”, que se encontra mais perto do que imaginamos, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, e que bem poderia estar no museu do Instituto.

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    Este artigo é parte de uma série de textos voltados à divulgação do acervo do IHGRN e da história do Rio Grande do Norte, veiculada aos domingos no espaço cativo do Instituto na coluna Quadrantes do jornal Tribuna do Norte.

Artigo: André Felipe Pignataro

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