Simplício era o homem de confiança do afamado e tido por briguento brigadeiro Dendé Arcoverde, senhor de Cunhaú, o último. Homem de posses e valentias, o brigadeiro por certa sabedoria não prescindia de ter a sua escolta e guarda de quem lhe conferisse a confiança cega que se deve ter com os olhos abertos para tudo.
André d'Albuquerque Maranhão Arcoverde (1797-1859), o Dendé, nasceu no engenho Cunhaú, Canguaretama, e foi mandado estudar na Europa, precisamente não se sabe onde e quando, e brigadeiro era apelido.
Já Simplício (1796-1896) era o cabra de confiança do brigadeiro, mais conhecido por negro Simplício e muito mais que conhecido pelo seu codinome que era Cobra Verde. A valentia já estava no apelido. Simplício, o negro Simplício, o Cobra Verde, era o melhor atirador das redondezas, daqueles cuja fama era nunca ter errado um tiro sequer. Mas não existia Simplício sem a sua arma, que fora batizada de Meio Berro, e hoje está no Instituto para quem quiser ver.
E se não há registros dos silêncios que causou, há a história bem contada, por Cascudo, de como o Meio Berro veio parar no Instituto. E assim, se explica, Cascudo: um bastardo de Dendé, Afonso Arcoverde, presenteou a arma ao coronel Felipe Ferreira de Mangabeira e este me ofereceu e dei ao Instituto Histórico do Rio Grande do Norte.
Identificado como uma carabina Minié, a arma especial recebeu o nome de Meio Berro pela simples razão da rapidez do seu gatilho. Era meio berro, porque matava uma novilha antes do animal acabar o berro iniciado. Uma ligeireza, haja visto.
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Este artigo é parte de uma série de textos voltados à divulgação do acervo do IHGRN e da história do Rio Grande do Norte, veiculada aos domingos no espaço cativo do Instituto na coluna Quadrantes do jornal Tribuna do Norte.
Artigo: Gustavo Sobral e André Felipe Pignataro
Imagem: Maria Simões
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